COREOGRAFIA DE ABERTURA

Consagração da Primavera de Canudos à Libertas
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No dia 6 de outubro de 2014 abrimos caminho ao TERREYRO COREOGRÁFICO Celebrando o Arraial de Canudos que ressurge a cada Primavera depois de ter sido incendiado e completamente destruído pelo exército brasileiro nesse dia 6 de outubro de 1897 e Consagrando-a à escrava alforriada Libertas que herdou as terras do Bixiga e que depois lhe foram roubadas por grileiros mas não sem antes ali enterrar uma caveira de burro que garantiu e garante a vida cardiopulsante do Teat(r)o Oficina. Iniciamos ali os trabalhos no terreno do entorno do Teat(r)o onde Lina Bo Bardi viu o Teatro de Estádio pelos olhos do Zé Celso guiado por Oswald de Andrade. Ali num dos patamares do terreno projetamos construir um penetrável-meta-esquema-para-feituras-de-corpos. Um chão de terra a ser batida no dia da abertura em coro dançando a Sagração da Primavera devoração da coreografia do dançarino fauno coreógrafo Nijinski. Algumas semanas antes soubemos pela Sisam empresa de especulação imobiliária do Grupo Silvio Santos no momento proprietário do terreno do entorno do teatro que não poderíamos fazer nada que permanecesse no terreno. Nada de terra, nada de penetrável-meta-esquema-para-feitura-de-corpos. Decidimos assim por realizar um CERCO EBÓ COREOGRÁFICO em torno do terreno com o superobjetivo de acelerar o processo de troca do terreno que está em negociação já há mais de trinta anos com o Ministério da Cultura. Junto das Corifeas do Grupo VÃO, Carolina Minozzi, Juliana Melhado, Isis Adreata, Julia Viana e Patricia Árabe mais Lucas Delfino, Natália Mendonça, Viviane Almeida devoramos a coreografia da Sagração da Primavera e criamos um percurso coreográfico em torno do terreno pelo bairro do Bixiga com algumas ações-danças-demolições em lugares estratégicos afim de liberarmos os fluxos coreográficos do terreno. O CERCO EBÓ foi nossa espinha dorsal a partir dela estruturamos toda a COREOGRAFIA DE ABERTURA. Iniciamos o dia às 16h recebendo o CORO que chegava com Flores e Frutos atravessavam a rua Lina Bardi seguindo pelo caminho de sutis substâncias da anarquitetura pedras e entulhos retirados do terreno assim como Lina que para compor a arquitetura cênica da Selva das Cidades levou os escombros das casas demolidas para construção do minhocão para dentro do Teat(r)o levamos restos das demolições do Grupo Sílvio Santos para compor esse caminho coreográfico que levava o CORO até o terreno onde foram recebidos pela música transxamânica em danças exóticas do Keröáska em meio a fumaças coloridas e uma mesa de frutas e flores onde cada um oferecia sua oferenda à Primavera à Canudos à Libertas Celso Sim cantando sua parceria com Arthur Nestrovski evocava caminhos encruzilhadas danças de Exu Y Oxalá em Afro X Neo Oriki de Exu acompanhado pelo tambor de Ricardo Nash conduziam magicamente todo CORO ali presente em cortejo até o portal de entrada-saída do terreno à rua Jaceguay momento em que soavam as primeiras notas da Sagração da Primavera do Stravinski pelo bairro do Bixiga o CORO já inebriado pela música se deixava levar pelas CORIFEAS que iniciavam o CERCO COREOGRÁFICO em torno do terreno evocando a dança coreografia transprimitiva do Nijinski tomando as ruas do Bixiga Jaceguay > Conectar todo CORO, elevar os Corpos, limpeza pesada do espaço Abolição > limpeza suave do espaço, preparação para abolir, ABOLIÇÃO DO MURO! cuidar dos joelhos, abolir o que precisa ser abolido, limpeza suave do espaço Xavier Gouveia > ventar a rua Japurá > aterrissar, entrar no rio do Bixiga, atravessar o riocontracorrente, preparação para arrancar os portões da vila, ARRANCAR OS PORTÕES! Bixiga > Ascese do CORO, limpeza pesada do espaço Santo Amaro > limpeza suave do espaço, preparação para arrancar as grades do estacionamento, ARRANCAR GRADES! ventar correr brincar, amplidão Jaceguay > empurrar o ar pesado, prepara para derrubar muro, DERRUBAR MURO! aliviar tensão do ar e dos Corpos, caminhando com a terra no pé voltamos para o terreno onde ainda soavam os últimos acordes da música de Stravinski quando já escurecia momento de chamar o fogo - CHAMA - acender a fogueira à coreografia o CORO descansa a CHAMA dança com a Lua preparando os Corpos para a DANÇA SACRIFICIAL que viria em seguida Corifeada pela Sacerdotisa cantora dançarina Fanta Konate acompanhada por quatro tambores da Troupe Djembedon que do alto do Sambaqui Urbano entoavam ritmos Y cantos reenergizando todo CORO e coreografando cada molécula de todos corpos ali presentes numa dança ritual de limpeza divertimento tesão e alegria para morrer o que precisava morrer deixar vir a força primaveril do brotar bem vinda Primavera caminhos abertos ao TERREYRO COREOGRÁFICO finalizamos a COREOGRAFIA DE ABERTURA restaurando a energia vital dos Corpos do CORO o corifeu do RESTAURANTE DO CORO Bira nos serviu em folhas de bananeira uma farofa bem temperada com raízes e rapadura comemos e ficamos por ali sentindo o fim do dia de trabalho realizado de caminhos abertos de porvires que se anunciavam início 16h TRAVESSIA DA RUA LINA BARDI > sutis substâncias da coreografia CHEGADA DAS FLORES > ◯ ⃝ ⃝ ⃝ ◌ KERÖÁSKA ◯ ⃝ ⃝ ⃝ ◌ CORTEJO ELO > Afro X neo oriki de exu > Celso Sim Y Ricardo Nash CERCO COREOGRÁFICO > Coros > Grupo Vão Y Lucas Delfino Y Natália Mendonça Y Viviane Almeida Y público CHAMA > acender o fogo DANÇA SACRIFICIAL > Fanta Konate Y Troupe Djembedon RESTAURANTE DO CORO > servir Y alimentar > Bira fim 21h